13:40

Como alimentar idosos acamados ?

1. É necessário ter algum cuidado especial para dar comida ao idoso que está acamado?
Sim. A posição da pessoa no ato da alimentação é de fundamental importância, esteja ela se alimentando pela boca, por sonda nasoenteral ou gastrostomia.
O idoso não deve estar deitado em hipótese alguma, e o ideal seria que ele se mantivesse sentado, pois assim se minimiza o possível risco de o alimento ir para o pulmão e não para o estômago. Mas sentar uma pessoa acamada nem sempre é uma tarefa simples e segura. Por isso, recomenda-se que o idoso não esteja nem deitado por completo nem sentado como numa cadeira, seria o meio termo dessas posições.
E é também nessa posição que ele deve permanecer por pelo menos 30 minutos após ter recebido o alimento ou tomado qualquer líquido, inclusive medicações.
2. Em determinado momento da doença muitas pessoas com Alzheimer podem se recusar a comer, o que pode levar à desnutrição. Essa situação leva a problemas, como atrofia dos músculos, menor absorção de medicamentos e até mesmo a morte. O que fazer quando alguém com Alzheimer não querem comer?
É verdade. Muitos idosos com Alzheimer ou qualquer outra síndrome de demências podem se recusar a comer porque perdem o apetite ou simplesmente porque não se lembram que ainda não comeram.
Nesses casos os familiares e/ou cuida dores devem ter muita paciência com a pessoa doente no ato da alimentação. A oferta dos alimentos deve ser feita com certa insistência até que uma quantidade considerável de comida seja ingerida, sempre respeitando o ritmo de cada pessoa (os idosos tendem a comer mais lentamente que os adultos).
3. De que maneira é possível melhorar a alimentação do idoso que está acamado?
Hoje em dia já encontramos em farmácias e em lojas especializadas suplementos nutricionais capazes de suprir boa parte dos nutrientes necessários às pessoas, inclusive dos idosos.
Eles são comercializados na forma líquida ou em pó, nas versões com sabores variados (banana, chocolate, baunilha, morango, dentre outros), ou mesmo sem sabor. Uma boa opção de uso dos suplementos nutricionais é adicioná-los a preparações bem aceitas pelos idosos.
Sugiro incrementar mingaus, sucos, purês, vitaminas de frutas, sopas, etc. Mas também podemos suplementar a alimentação adicionando leite em pó ao leite líquido convencional, azeite de oliva em receitas salgadas que o idoso aceite bem, e a depender do caso incrementar algumas receitas com creme de leite, clara do ovo (a parte branca), mel, e o que mais a imaginação permitir e o paladar aceitar. Além disso, podemos enriquecer feijões, por exemplo, cozinhando uma beterraba e carne junto deles, ou acrescentar cenoura ralada no arroz (preferir o integral).
As vísceras animais, como o fígado, são alimentos riquíssimos em nutrientes importantes para o bom funcionamento do organismo, e fornecerem boas proteínas também. Uma sugestão é prepará-las junto com carne moída, ficará nutritivo e o sabor mascarado.
4. E como escolher o melhor tipo de dieta?
Essa é uma pergunta um tanto quanto complexa. A dieta deve se adequar ao estado nutricional da pessoa, às doenças pré-existentes, aos hábitos alimentares de cada um, além de ter que estar de acordo com o meio de entrada do alimento no indivíduo (se pela boca ou por sonda).
Se for pela boca deve atender às condições bucais da pessoa, isto é, se ela tem dentes suficientes para uma mastigação adequada, se há ferimentos na gengiva, língua ou bochechas, e ainda se o idoso tem alguma dificuldade de engolir alimentos sólidos ou líquidos.
Portanto, não existe uma receita pronta da melhor dieta, e sim uma dieta ideal para cada pessoa. Lembrando que uma alimentação saudável deve ter diariamente carne, leite, frutas, legumes e verduras, cereais (arroz, aveia, milho, etc.), tubérculos e raízes (batata, mandioca, inhame, cará, etc.) e feijões (ervilha, lentilha, grão-de-bico, feijões de todos os tipos).
5. Há muitas pessoas acamadas usando sonda. Quais os cuidados que se deve ter no preparo da refeição caseira?
Um dos segredos da alimentação via sonda nasoenteral é a fluidez da dieta. E esse é um quesito em que se deve ter atenção redobrada no caso da refeição feita em casa, à dieta enteral caseira. Basta entender que a dieta terá que passar, sem esforço algum, por aquela “mangueirinha” que leva a comida até o estômago, ou intestino, do paciente.
Portanto, deve ser quase tão fluida quanto à água. Mas como fazer isso com uma sopa, ou um suco de frutas mais grosso? Devemos adicionar água! Mas a água pura não nos fornece nenhum nutriente, então devemos priorizar aquela água usada para cozinhar os alimentos, nela ficam retidos muitos nutrientes como vitaminas e minerais.
Outra opção é acrescentar leite, que é um alimento nutritivo, além de ser líquido. Devemos lembrar também que a pessoa alimentada por sonda não sente o sabor dos alimentos que lhe são ofertados, então uma sopa que tiver o leite adicionado não deve causar estranheza, assim como podemos acrescentar azeite de oliva numa vitamina de frutas. O “segredo” é a dieta estar bem líquida, sem deixar de ser nutritiva.
Outro aspecto a ser considerado é que para que a dieta esteja bem fluida os alimentos que a compuserem devem ser sempre muito bem cozidos, batidos (de preferência num liquidificador) e coados, de duas a três vezes, logo em seguida. Esse procedimento, embora trabalhoso evite que a sonda fique entupida pelos pequenos pedaços de alimentos e suas fibras (fiapos), o que implicará à ida do paciente até um serviço médico para que a sonda seja trocada.
Outra dica importante para a preservação dos nutrientes de uma sopa para a sonda é que esta seja preparada diariamente e mantida na geladeira, e batida somente instantes antes de ser ofertada ao paciente. Isso garantirá uma oferta maior de nutrientes.
Devemos lembrar também que a alimentação pela sonda deve ser sempre ofertada à temperatura ambiente, nem quente ou morna, nem fria ou gelada. Isso evitará que o paciente apresente diarréia.
6. Quais os cuidados adicionais com a sonda?
Um cuidado importante na manutenção da sonda do paciente é a sua lavagem imediatamente após a passagem de alimentos por ela. Esse procedimento equivaleria à escovação dos dentes de pessoas que se alimentam pela boca.
A lavagem deve ser feita com cerca de 50 ml (1 xícara de café) de água pura e uma seringa. Mas se por ventura a sonda entupir mesmo seguindo essas recomendações deve-se amornar meio copo d’água (100 ml) e com o auxílio de uma seringa jogar a água morna pela sonda formando pressão.
Se isso não resolver o problema a saída será mesmo procurar um serviço médico.
7. Por meio do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) podemos saber se estamos acima ou abaixo do peso ideal para nossa altura. Como podemos fazer esse cálculo no idoso acamado?
O IMC realmente nos mostra a relação do nosso peso com a nossa altura, mas ele “peca” em não nos dizer nada sobre a composição corporal, ou seja, se os músculos, ossos e órgãos estão preservados, ou se há uma reserva escassa ou excessiva de gordura no organismo. Por isso o IMC não pode ser usado isoladamente, principalmente em idosos. Essa população, ao longo do tempo apresenta uma mudança significativa na composição corporal, ou seja, transformam músculos em gordura.
Um indicador bem aceito nos dias de hoje para a população idosa é a circunferência da panturrilha, a nossa “batata da perna”. Essa medida pode ser feita no idoso acamado e é de simples execução (basta medir circularmente a panturrilha com uma fita métrica ou uma trena). Ela é capaz de revelar a reserva muscular dos indivíduos, e quando medida apresentar valores inferiores a 31 cm (no idoso), representa uma perda de massa muscular, devendo-se investigar o motivo dessa diminuição.

0 comentários:

Postar um comentário